29 de novembro
Brasil é exemplo na prevenção e tratamento contra Aids
Com investimento em campanhas de prevenção e coquetel antiviral distribuído pelo SUS, país oferece mais qualidade de vida para as pessoas infectadas com vírus HIV
Há 40 anos, especialistas identificaram pela primeira vez a Aids no mundo e não levou muito tempo para que as pessoas soubessem de sua existência e de como o vírus causador, o HIV, era transmitido. Em 1982, o Brasil registrou o primeiro caso em meio à desinformação e ao preconceito e, a partir desse momento, o país iniciou uma longa jornada em busca do tratamento, da prevenção, da qualidade de vida para os infectados e, por que não, da cura.
Já em 1985, quando surgiu no país o primeiro caso de transmissão de mãe para filho, foi lançado o primeiro programa de Aids do Ministério da Saúde: Pelo Direito de Viver. Naquele momento, a sociedade também se organizou na luta contra a doença e surgiram as primeiras ONGs: o Grupo de Apoio à Prevenção da Aids (GAPA), primeira ONG da América Latina na luta contra a Aids; a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA), a primeira a ter uma pessoa soropositiva na presidência; e o Grupo Pela Vidda, que apoia pessoas com Aids.
Desde o início, o Brasil buscou não se pautar pelas estimativas pessimistas da evolução da doença no país. Pelo contrário, trabalhou firmemente e investiu de forma assertiva em campanhas de prevenção e tratamento, levando informação sobre a doença à toda a população. Com maior conhecimento sobre a Aids, os números de novos casos começaram a cair e a experiência de como o país lidava com a Aids na década de 1990 chamou a atenção do mundo.
Atualmente, o Brasil mantém o registro de queda no número de casos de infecção por HIV. Desde 2012, observa-se uma diminuição na taxa de detecção da doença no país, uma queda de 18,7% entre 2012 e 2019. A taxa de mortalidade por Aids apresentou também diminuição de 17,1% nos últimos cinco anos. Em 2015 foram registrados 12.667 óbitos pela doença e, em 2019, foram 10.565. Ações como a testagem para a doença e o início imediato do tratamento, em caso de diagnóstico positivo, são fundamentais para a redução do número de casos e óbitos.
Assista a história ilustrada da Aids no Brasil:
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O vídeo foi produzido pelo Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
Dados da doença no Brasil
Atualmente, cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil. Destas, 89% foram diagnosticadas, 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas em tratamento não transmitem o HIV por via sexual (por terem atingido carga viral indetectável). Em 2020, cerca de 642 mil pessoas estavam em tratamento antirretroviral, um número bem maior do que em 2018, quando apenas 593.594 pessoas realizavam o tratamento.
No Brasil, em 2019, foram diagnosticados 41.919 novos casos de HIV e 37.308 casos de Aids. O Ministério da Saúde estima que cerca de 10 mil casos de Aids foram evitados no país no período de 2015 a 2019. A maior concentração de casos de Aids está entre os jovens de 25 a 39 anos, de ambos os sexos, com 492,8 mil registros. Os casos registrados nessa faixa etária correspondem a 52,4% em homens e 48,4% em mulheres.
O enfrentamento à doença não parou durante a pandemia da Covid-19. O Ministério da Saúde expandiu a estratégia de dispensação ampliada de antirretrovirais (ARV) de 30 para 60 ou até 90 dias. Hoje, 77% dos pacientes em tratamento têm dispensação para 60 e 90 dias (em 2019 eram 48%). Além disso, o uso de autotestes foi ampliado com o objetivo de reduzir o impacto na identificação de casos de HIV por conta da pandemia. A pasta também garantiu a oferta de teste anti-HIV para pacientes internados com síndrome respiratória. Neste ano, até outubro, o Ministério da Saúde distribuiu 7,3 milhões de testes rápidos de HIV, 332 milhões de preservativos masculinos e 219 milhões de preservativos femininos.
Você sabia que tem aumentado o diagnóstico de Aids entre jovens adultos e mulheres idosas? SAIBA MAIS.
O que é o HIV e a Aids?
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Esse é o vírus que pode levar à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Ao contrário de outros vírus, o corpo humano não consegue se livrar do HIV. Isso significa que, uma vez contraído o vírus, a pessoa viverá com ele para sempre.
O HIV é um vírus que se espalha através de fluídos corporais e afeta células específicas do sistema imunológico. Sem o tratamento antirretroviral, o HIV afeta e destrói essas células e torna o organismo incapaz de lutar contra infecções e doenças. Quando isso acontece, a infecção por HIV leva à Aids.
Sintomas da Aids / HIV?
Após a infecção pelo vírus, o sistema imunológico começa a ser atacado e é na primeira fase, chamada de infecção aguda, que ocorre a incubação do HIV. Esse período varia de três a seis semanas, e o organismo pode levar de 30 a 60 dias após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar, por isso a maioria dos casos passa despercebida.
A próxima fase é marcada pela forte interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas mutações do vírus. Este período, que pode durar muitos anos, é chamado de assintomático.
Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. A fase sintomática inicial é caracterizada pela alta redução dos linfócitos (glóbulos brancos do sistema imunológico). Os sintomas mais comuns nessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento. A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a Aids.
Tratamento
Ainda na década de 1980, foram descobertos os primeiros medicamentos antirretrovirais, que agem inibindo a multiplicação do HIV no organismo e, consequentemente, evitam o enfraquecimento do sistema imunológico. Os infectados, portanto, puderam controlar o vírus.
A partir de 1996, o Brasil passou a disponibilizar gratuitamente pelo SUS os medicamentos e, desde 2013, garante tratamento a todas as pessoas vivendo com HIV. Hoje, é possível viver normalmente com o HIV, mas a Aids ainda é uma realidade.
1º de dezembro - Dia Mundial de Luta contra a Aids
Todas as instituições e os profissionais de saúde têm um compromisso com o Dia Mundial de Luta contra a Aids, de reforçar e divulgar para o maior número de pessoas o conhecimento e as informações sobre essa grave doença. Portanto, é importante saber.
A transmissão do HIV e, por consequência, da Aids, acontece das seguintes formas:
Sexo vaginal sem camisinha.
Sexo anal sem camisinha.
Sexo oral sem camisinha.
Uso de seringa por mais de uma pessoa.
Transfusão de sangue contaminado.
Da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação.
Instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.
É importante quebrar mitos e tabus sobre o assunto, esclarecendo que a pessoa infectada com HIV ou que já tenha manifestado a Aids não transmitem a doença das seguintes formas:
Sexo, desde que se use corretamente a camisinha.
Masturbação a dois.
Beijo no rosto ou na boca.
Suor e lágrima.
Picada de inseto.
Aperto de mão ou abraço.
Sabonete/toalha/lençóis.
Talheres/copos.
Assento de ônibus.
Piscina
Banheiro
Doação de sangue.
Pelo ar.
Campanhas e ações informativas contribuem com o conhecimento sobre a doença, que ajudam na prevenção, na diminuição do preconceito e na percepção do risco de exposição ao HIV, através de incentivos a mudanças de comportamento da pessoa infectada e da comunidade ou grupo social em que ela está inserida.
Estas ações devem ser voltadas aos fatores e às condições socioculturais que influenciam diretamente a vulnerabilidade de indivíduos infectados, envolvendo preconceito, estigma, discriminação ou qualquer outra forma de alienação dos direitos e garantias fundamentais à dignidade humana.
Direitos das pessoas portadoras do vírus HIV
Pela Constituição Brasileira, as pessoas vivendo com HIV, assim como todo e qualquer cidadão brasileiro, têm obrigações e direitos garantidos. Entre eles estão a dignidade humana e o acesso à saúde pública e, por isso, são amparados pela lei. O Brasil possui legislação específica quanto aos grupos mais vulneráveis ao preconceito e à discriminação, como homossexuais, mulheres, negros, crianças, idosos, portadores de doenças crônicas infecciosas e de deficiência.
Fontes: Ministério da Saúde e Unaids Brasil.