Só quem precisa de uma medula óssea e seus familiares têm a exata dimensão do quanto é importante o país ter cada vez mais doadores deste tecido líquido-gelatinoso responsável pela produção dos componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. E, com a pandemia da covid-19, a realidade para quem espera ficou ainda mais dramática. Segundo o último levantamento do Ministério da Saúde, o número de doações de medula óssea caiu 30%. Atualmente há 850 pessoas estão na fila de espera para o transplante de medula com a doação de um não aparentado, ou seja, do doador que não tem grau de parentesco com o receptor.
A probabilidade de encontrar um doador compatível é de 1 para 100 mil. Isso porque depende do grau de diversidade genética da população, ou seja, o grau de miscigenação. No Brasil a localização de doadores compatíveis é mais difícil, devido à grande miscigenação.
Portanto, mais e mais pessoas precisam estar no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, o Redome, para terem a imensa alegria de algum dia serem chamadas a salvar uma vida. O Redome é coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), do Ministério da Saúde.
Para se cadastrar, basta telefonar para o Hemocentro de Rio Preto – (17) 3201-5076.
Os dados do cadastro serão cruzados, constantemente, com os dados dos pacientes que precisam do transplante. Se você for compatível algum paciente, outros exames de sangue serão realizados. Se confirmada a compatibilidade, você será consultado para confirmar que deseja realizar a doação e seu estado de saúde será avaliado por um médico.
Quem pode doar
Para se tornar um doador de medula óssea é necessário:
– ter entre 18 e 35 anos de idade;
– estar em bom estado geral de saúde;
– não ter doença infecciosa ou incapacitante;
– não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico;
– algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso.
Doador, mantenha seus dados atualizados junto ao Redome
Para quem é doador, é fundamental também manter atualizados os seus dados no Registro Nacional. O procedimento é simples e feito através site:
http://redome.inca.gov.br/doador-atualize-seu-cadastro/
Outro fato que tornou ainda mais desafiador ampliar o número de doadores no Brasil foi a entrada em vigor da portaria nº 1.229, do Ministério da Saúde, de junho de 2021, que, entre outras mudanças, reduziu a idade limite para se cadastrar de 55 para 35 anos.
Antes, o doador podia se cadastrar até 55 anos de idade e o cadastro permanecia ativo até os 60 anos. Desde junho passado, o cadastro continua ativo até 60 anos, mas o doador só pode se cadastrar até os 35 anos.
Mas o que é a medula óssea?
É um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecido popularmente por “tutano”. Na medula óssea são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. Pelas hemácias, o oxigênio é transportado dos pulmões para as células de todo nosso organismo e o gás carbônico é levado destas para os pulmões, a fim de ser expirado. Os leucócitos são os agentes mais importantes do sistema de defesa do nosso organismo, nos defendem das infecções. As plaquetas compõem o sistema de coagulação do sangue.
Quando é necessário o transplante de medula óssea?
Em doenças do sangue como a anemia aplástica grave, outras anemias adquiridas ou congênitas, e na maioria dos tipos de leucemias, como a mieloide aguda, mieloide crônica e a linfoide aguda. O transplante pode ser indicado para tratamento de um conjunto de cerca de 80 doenças, incluindo casos de mieloma múltiplo, linfomas e doenças autoimunes.
Quem se beneficia do transplante de medula óssea?
O transplante de medula óssea é uma modalidade de tratamento indicada para doenças relacionadas com a fabricação de células do sangue e com deficiências no sistema imunológico. Os principais beneficiados com o transplante são pacientes com leucemias originárias das células da medula óssea, linfomas, doenças originadas do sistema imune em geral, dos gânglios e do baço, e anemias graves (adquiridas ou congênitas). Outras doenças, não tão frequentes, também podem ser tratadas com transplante de medula, como as mielodisplasias, doenças do metabolismo, doenças autoimunes e vários tipos de tumores.
Por que é tão importante de ser doador?
O transplante de medula óssea pode beneficiar o tratamento de cerca de 80 doenças em diferentes estágios e faixas etárias.
Além disso, o doador ideal (irmão compatível) só está disponível em cerca de 25% das famílias brasileiras – para 75% dos pacientes é necessário identificar um doador alternativo a partir dos registros de doadores voluntários, bancos públicos de sangue de cordão umbilical ou familiares parcialmente compatíveis (haploidênticos).
Para aumentar a probabilidade de êxito na localização, é fundamental manter os dados cadastrais atualizados no REDOME. Caso haja alguma mudança de informação, preencha este formulário. O voluntário pode ser chamado para efetuar a doação com até 60 anos de idade.
Como é feita a doação?
A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação de 24 horas. A medula é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções. O procedimento leva em torno de 90 minutos e a medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias. Nos primeiros três dias após a doação, pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana após a doação.
A importância da doação de medula óssea
Há outro método de doação chamado coleta por aférese. Neste caso, o doador faz uso de uma medicação por cinco dias com o objetivo de aumentar o número de células-tronco (células mais importantes para o transplante de medula óssea) circulantes no seu sangue. Após esse período, a pessoa faz a doação por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue da veia do doador, separa as células-tronco e devolve os elementos do sangue que não são necessários para o paciente. Não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos pela veia.
A decisão sobre o método de doação mais adequado é exclusiva dos médicos assistentes, tanto do paciente quanto do doador, e será avaliada em cada caso.
Fontes: Ministério da Saúde e Redome – Instituto Nacional do Câncer.